BORA FALAR DE T&D? CURADORIA DO CONHECIMENTO I

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CURADORIA DO CONHECIMENTO: VANGUARDA DO T&D

(Prof. Benedito Milioni, exclusivo para a ABTD – Associação Brasileira de Treinamento e Desenvolvimento)

Há, ainda, alguma controvérsia sobre a origem do termo “curadoria” e sua prática sistemática, o que se mostra como estimulante reflexão para a compreensão do processo de “cura” do que produz e se registra do Conhecimento na sua multifacetada forma de apresentação. No século XIX, a ação de curadoria ganhou corpo e força no mundo das artes plásticas, de vez que, segundo, inúmeros autores e pesquisadores, os museus e demais depositários de artes de então careciam de alguém ou de uma instituição que melhor organizasse e gerisse o seu precioso, crescente e complexo acervo. Em razão disso, o termo popularizou-se e ganhou reconhecimento em termos de prestígio e status, sendo sua presença reconhecida em diversos campos do Conhecimento humano notadamente, como dito, o das Artes, e nos meios ligados aos imensos compartimentos de informações  de universidades, bibliotecas, centros de pesquisas e assemelhados, daí segundo Maria Cristina Oliveira Bruno , no seu artigo “Definição de Curadoria: Os caminhos do enquadramento, tratamento e extroversão da herança patrimonial”,(1) “proceder à cura” passou a ser interpretado como um conjunto de procedimentos inerentes à seleção, coleta, registro, análise, organização, guarda e difusão do conhecimento produzido.

Com a rápida expansão da prática de curadoria em todo o mundo civilizado, no vácuo do crescimento da indústria do Conhecimento e acelerada pelo advento da rede mundial de computadores, a Curadoria firmou sólida posição como indispensável para a proteção dos acervos de informação e para a correta  e racional canalização dos seus conteúdos para os diversos públicos, nas mais variadas formas. Ganhou, também, notável espaço nos estudos e disseminação da cultura popular, não deixando de olhar com atenção para as manifestações de folclore e preservação da cultura indígena, o que tem sido aplaudido pela opinião pública e outras vertentes.

O mundo corporativo não teria como ignorar a disseminação das conquistas acumuladas pela Curadoria sistematizada e que está se aproximando de ser aceita como ciência. Segundo o Google Books, em 2010 foram publicados 129.864.878 títulos em todo o mundo, por editoras e demais agentes da disseminação cultural. (2) Dentre estes quantos poderíamos identificar como próprios do universo corporativo? Não há fontes seguras a esse respeito, embora sejam encontradas referencias de fontes muito variadas que situam em torno de 1.400 títulos publicados no Brasil sobre os temas Gestão de Pessoas e de Organizações em 2015. Como organizar e disponibilizar na proporção exata das necessidades tanta informação? Isso, em apenas dois segmentos e imagine-se se considerarmos todos os demais que encontramos  o mundo corporativo!

Ademais, há outra importante razão para a expansão da Curadoria do Conhecimento nas corporações: continua em expansão o número de universidades corporativas, a despeito da recessão econômica dos últimos anos e a demanda pelo Conhecimento é uma onda que avança sobre todos os participantes dos cenários organizacionais. Tudo isso junto provoca a necessidade de um trabalho sério e permanente de adequação de tanta oferta de Conhecimento às demandas específicas. Rosembaum (2011), por exemplo, denomina o ambiente desse volume de informações crescentes de “tsunami de dados” e Bieguelman (2011) de “dadosfera“, conforme nos oferece a publicação “Curadoria de Conteúdos: o que é, quem faz, como faz”, assinada pela ER CONSULTORIA, citações que muito bem embasam o reconhecimento do volume de dados e informações que nos envolve por todos os lados.

Já não basta mais saber que apenas um clique poderá colocar o Conhecimento diante de nós, mas é tremendamente importante e vital que se saiba ONDE CLICAR, a partir da lacuna de conhecimento identificada! E todos precisam de um suporte especializado nesse sentido, sendo que aí é que entra a figura de um Curador do Conhecimento: na verdade, há um enorme mas saboroso desafio para os profissionais que respondem pelas funções de Gestão do Treinamento nas empresas e instituições, uma brutal – sem exageros! – mudança para muito melhor na sua trajetória de carreira e robustecimento do seu prestígio e status, como veremos na quarto artigo dessa série.

Quer saber se estaria na hora de você olhar com mais atenção o cenário de oportunidades que se vê na expansão das demandas por Curadores do Conhecimento por empresas e instituições? Responda o questionário a seguir e depois examine o critério de interpretação. Escolha e marque a coluna que melhor expresse o seu ponto de vista.

 

  Não percebi ainda nada a respeito Há leves sinais de ocorrência Tem tido demandas a esse respeito Acontece de forma crescente
Cresce o volume de dados e informações novas em minha área de responsabilidade        
Existe a necessidade de adequar crescentes volumes de dados e informações        
Os clientes internos cada vez mais demandam respostas específicas para suas áreas        
Discute-se muito na empresa as renovações tecnológicas  inevitáveis e que a afetam        
No dia a dia nota-se que a singularidade operacional é o determinante de tudo        
Buscam-se mais e mais  soluções específicas, de aplicação imediata e focada        

 

O critério para interpretação é simples: qualquer que seja o número de marcações nas duas colunas da direita do questionário, na mesma proporção pode-se entender a urgência da imediata introdução do conceito e prática da Curadoria do Conhecimento na empresa.

Finalmente, esta figura, originada das teses de Alvin Tofler,(3) defendidas em suas publicações sobre as ondas de mudanças e transformações no mundo inteiro, de mais de 40 anos atrás, ilustra muito bem o que se instalou na realidade contemporânea: o Conhecimento vem em ondas tempestuosas e a única forma de nelas navegar com segurança é derivada da habilidade de escolher as rotas, sem perder de vista o porto a que se pretende chegar. O Curador do Conhecimento (você!) deverá, nesse sentido,  ter a habilidade de:

  • Reconhecer a origem e a direção das ondas do Conhecimento que afetarão a empresa;
  • Antever a chegada das ondas muito tempo antes das suas movimentações iniciais;
  • Avaliar a capacidade interna de absorver e aproveitar as energias trazidas pelas ondas;
  • Prover soluções para os problemas de aprendizado customizado pelas demandas;
  • Apoiar os gestores em todos os níveis no que se refere a como focar com precisão o seu aprendizado e das suas respectivas equipes acerca dos volumes demandados pela sucessão de ondas do Conhecimento.

Na quarta parte desse texto, será oferecida uma visão de oportunidades para alavancagem de sua carreira no contexto da Curadoria do Conhecimento.

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Quer participar do Grupo de Estudos sobre T&D, promovido pela ABTD?

Nesse grupo iremos comentar sobre os artigos e trocar conhecimentos e informações. É uma ótima oportunidade para aprender e fazer networking com diversos profissionais da área! Ao final de cada mês, teremos um encontro presencial na ABTD para nos aprofundarmos ainda mais nos assunto. Esse mês teremos o professor Benedito Milioni com seus mais de 50 anos de experiência.

Acesse esse link: https://chat.whatsapp.com/LsLFHvlALxo2G8CXS1qIkP

 

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Fontes do artigo

  • inhttp://www.ibermuseus.org/wp-content/uploads/2015/07/Unidad1Texto_Definicao-de-Curadoria.pdf)
  • Citado no discurso de abertura do CONARH (Congresso Nacional de Recursos Humanos), realizado em São Paulo, SP, por Leyla Nascimento, então presidente da ABRH (Associação Brasileira de Recursos Humanos).
  • O Choque do Futuro, 1970, e A Terceira Onda, 1980

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